Frantisek Kupka - À volta de um ponto (1911-12)
O ponto é uma metáfora morta que se usa para designar aquilo que está em questão, aquilo que é importante e decisivo. Os povos relacionam-se com os pontos de duas maneiras. Há povos que se dirigem para o ponto e o tomam como o lugar gerador a partir do qual vão fazer alguma coisa, vão criar e gerar algo inédito. Outros povos, como o português, olham para o ponto, para as questões decisivas, como aquilo que há que evitar custe o que custar. Tornear o ponto torna-se, para esses povos, uma arte, um exercício no qual educam as novas gerações. O fundamental é aprender a envolver o ponto até que ele desapareça de vista. Trata-se de uma ascese da cegueira. O problema é que o ponto, mesmo que ninguém o veja, continua lá e não se compadece com aqueles que, de tanto contornar o que é importante, se tornam cegos para a realidade.
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