John Everett Millais - Love, From Willmot's Poets
Esta notícia sobre as origem possíveis da monogamia trouxe-me à memória o recente sínodo da Igreja Católica sobre a família. Este foi assombrado pela visão do casamento monogâmico indissolúvel e pela dificuldade em lidar oficialmente com a homossexualidade. Que problema traz esta notícia para essa concepção? Um problema muito simples. O casamento monogâmico não resultou nem de uma opção moral nem de uma revelação divina, mas de uma necessidade da espécie para sobreviver, limitando as doenças sexualmente transmissíveis, em determinados ambientes sociais.
Não pretendo argumentar a favor de normas não monogâmicas de casamento ou de relação sexual. Quero apenas chamar a atenção para este tipo de informação. Ele vem relativizar aquilo que se apresenta, ao nível da religião, como um valor absoluto. A monogamia e a indissolubilidade do casamento são valores relativos, resultantes de uma necessidade específica posta pelo ambiente social. Esta relativização coloca, por outro lado, uma outra questão: que relação pode haver entre ciência e religião? Há uma visão, alimentada por certos círculos propensos ao ateísmo, de oposição absoluta entre este dois tipos de crenças. A esta visão, preconceituosa e ingénua, corresponde uma outra, não menos preconceituosa e ingénua, que pretende justificar a fé com a ciência.
As duas visões acima referidas ocultam uma terceira. A ciência pode ter um impacto purificador na religião e na vida espiritual. Como? Tornando evidente a relatividade daquilo que, na religião, pertence não à experiência espiritual mas ao domínio da vida social contingente, que, por isso, é relativo e mutável. A regulação da sexualidade e as opções matrimoniais não possuem um valor absoluto e, por isso mesmo, não são nem factor limitativo nem fomentador de uma vida espiritual plena e realizada. A ciência pode ter, deste modo, a virtude de ajudar as religiões a libertarem-se dos preconceitos e a concentrarem-se naquilo que é o seu núcleo essencial: a vida espiritual dos homens, a libertação das ilusões, a sua relação com o absoluto e a transcendência, com o mistério do ser.
Não pretendo argumentar a favor de normas não monogâmicas de casamento ou de relação sexual. Quero apenas chamar a atenção para este tipo de informação. Ele vem relativizar aquilo que se apresenta, ao nível da religião, como um valor absoluto. A monogamia e a indissolubilidade do casamento são valores relativos, resultantes de uma necessidade específica posta pelo ambiente social. Esta relativização coloca, por outro lado, uma outra questão: que relação pode haver entre ciência e religião? Há uma visão, alimentada por certos círculos propensos ao ateísmo, de oposição absoluta entre este dois tipos de crenças. A esta visão, preconceituosa e ingénua, corresponde uma outra, não menos preconceituosa e ingénua, que pretende justificar a fé com a ciência.
As duas visões acima referidas ocultam uma terceira. A ciência pode ter um impacto purificador na religião e na vida espiritual. Como? Tornando evidente a relatividade daquilo que, na religião, pertence não à experiência espiritual mas ao domínio da vida social contingente, que, por isso, é relativo e mutável. A regulação da sexualidade e as opções matrimoniais não possuem um valor absoluto e, por isso mesmo, não são nem factor limitativo nem fomentador de uma vida espiritual plena e realizada. A ciência pode ter, deste modo, a virtude de ajudar as religiões a libertarem-se dos preconceitos e a concentrarem-se naquilo que é o seu núcleo essencial: a vida espiritual dos homens, a libertação das ilusões, a sua relação com o absoluto e a transcendência, com o mistério do ser.
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