Vicente Vela - Máquina (1999)
Há dois debates políticos que me parecem essenciais nos dias de hoje. Esses debates relacionam-se, de forma decisiva, com o futuro do nosso país, enquanto nação soberana. O problema da demografia e o impacto do conhecimento e da tecnologia sobre o mundo da economia, bem como as repercussões políticas desse impacto. Talvez o primeiro problema possa encontrar uma solução na forma como for enfrentado o segundo, e não apenas porque os seres humanos podem ser substituídos, no mundo do trabalho, pelas máquinas. Uma maior presença da tecnologia pode ser uma ocasião para repensar horários e ritmos de trabalho e criar condições para uma evolução demográfica positiva.
A discussão sobre o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e o seu impacto na sociedade é, deste modo, um problema político de primeira ordem. Na Austrália, por exemplo, leva-se isso muito a sério e pensa-se sobre o que pode vir a acontecer (ver aqui). Em Portugal, contudo, tudo isto parece ser um assunto para lunáticos ou uma cena de um filme de ficção científica. Os partidos estão mais preocupados com os seus dramas existenciais. Não se percebe que as omissões de hoje (e elas existem, e de forma muito acentuada, em todo o espectro político presente no parlamento) têm enormes repercussões daqui a 15 ou 20 anos. Como as têm nos dias de hoje aquelas que ocorreram há 15 ou 20 anos. Em Portugal, vivem-se intensamente os dramas do momento. E esta intensidade com que se vive a poeira dos dias aniquila qualquer capacidade de pensar. E este é outro dos nossos problema. Pensa-se pouco e, muitas vezes, mal.
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