Começa hoje o Europeu de Futebol. As atenções, na Europa, estão
voltadas para França, mas o essencial, por muito importante e emotivo que seja
o futebol, reside na imagem que nos é devolvida por essa mesma França. Por um
lado, o conflito
laboral em torno da nova lei do trabalho. Por outro, o problema da segurança. Na guerra entre o governo e sindicatos jogam-se todos os equívocos
das governações sociais-democratas (França é governada pelo Partido Socialista,
não esqueçamos) em países subjugados (que se subjugaram, aliás sem
consentimento referendado) ao Tratado Orçamental.
Como Pacheco
Pereira explicou no congresso dos socialistas portugueses, o Tratado Orçamental
é uma tentativa para criminalizar políticas sociais-democratas. De certa
maneira, o conflito laboral em França vem recordar-nos isso e mostrar, mais uma
vez, que a democracia na actual União Europeia deixou de funcionar. Os países
podem fazer as políticas que quiserem desde que sejam aquelas que o Partido
Popular Europeu quer. A Grécia é o caso mais conhecido, mas a França é um bom
exemplo disso mesmo.
O que marca, porém, a França de hoje é o esforço securitário em torno
do Campeonato da Europa. E esta situação é ainda mais reveladora do que a
anterior. Não é apenas a democracia que se desvanece perante os nossos olhos, é
a revelação da nossa grande vulnerabilidade perante a ameaça do terror. Estamos todos
lembrados como o terrorismo conseguiu acabar com o rali Paris – Dakar. Até
2008, a prova unia a Europa à África. Passados oito anos é o centro da Europa
que está sob ameaça. Como se tem visto, houve uma coisa que o terrorismo islâmico
conseguiu: pôr fim à sensação de estarmos em segurança na nossa própria casa.
Se olharmos para a Europa dos finais dos anos 80, ficamos perplexos
com a marcha da história. Era a experiência política mais invejada no mundo.
Democracia, bem-estar, sensação de que o elevador social funcionava, e uma
segurança a toda a prova. Em menos de 30 anos tudo isso desapareceu. Esfumou-se,
perante o olhar atónito dos europeus, nas mãos de políticos utópicos. O que
melhor retrata a situação é o desejo que o Campeonato da Europa de futebol
acabe depressa. Aquilo que, noutros tempos, seria uma festa, é agora uma
ameaça.
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