Tudo o que rodeia a vida, morte e honras fúnebres de Kim Jong-il
parece-nos estranho e, do ponto de vista da razão, absolutamente destituído de
sentido. Mas uma inspecção menos enviesada dos regimes políticos depressa nos
ensina que aquilo que se passa na Coreia do Norte, com todo o arsenal de propaganda e de milagres, não é muito diferente do que ocorre nas democracias
ocidentais. O recurso ao maravilhoso é um elemento estrutural da operação de
legitimação do poder político. Olhar para o que se passa em regimes como o
norte-coreano ensina-nos muito sobre os nossos próprios regimes, onde estes
artifícios existem, mas de forma a que sejamos manipulados sem dar por isso. O
regime da Coreia do Norte é uma caricatura? Mas as caricaturas têm a vantagem
de exagerar certos traços para que eles se tornem visíveis. Só isso.
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