Esqueço a
terra, o céu, a cinza da minha aldeia.
Esqueço os
pequenos delitos da infância
e entro nos
teus domínios
pela porta
que abriste ao dizer o meu nome.
Tantas são
as coisas que guardo:
os gestos
com que chegavas,
o olhar que
desbravava a selva do coração,
a palavra
hesitante da tua boca.
A mais pura
pobreza canta ao amanhecer,
canta se te
olho na sombra da memória
ou se um
pássaro voa sobre as cerejeiras,
de onde
roubo cada cereja
que amanhece
na alegria dos teus lábios.
Nunca a vida
me convidou para os teus braços,
apenas o
terror da morte cresceu
na desmesura
dos campos incendiados pela tarde.
As cores
formaram um arco-íris
e eu
caminhei pela ponte dentro
para a
margem das tuas mãos,
brancas como
a alma presa nas minhas.
Este maravilhoso e enigmático poema mereceria ser musicado num lied de Schubert, se Schubert fosse vivo ou se tivesse sido escrito na época de Schubert. Enfim, condicionais contrafactuais a que um comentário tem liberdade de fugir. Reúna o que escreve em poesia e tente publicar, é uma pena que trechos tão belos se percam na noite dos tempos virtuais...Obrigada pela beleza que transmite.
ResponderEliminarMuito obrigado pelo comentário - tão gentil comentário - ao poema. Quanto à publicação, talvez ainda seja cedo. Mas continuo a trabalhar em alguns ciclos com vista à publicação.
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