Como o artigo de Ivan Krastev, no Público,
sublinha, a conduta política chinesa é marcada por uma enorme racionalidade.
Não parte de uma idealização a priori, nem se propõe ao proselitismo político,
pecados americanos. Digamos que é uma racionalidade empírica, partindo da
análise das condições concretas do mundo e formulando estratégias adequadas aos
interesses chineses. Enquanto europeu, submetido durante muito tempo à retórica
do fim dos Estado-Nação e da malevolência dos nacionalismos, tenho a sensação
nítida de ter sido enganado. A racionalidade chinesa é o instrumento do
nacionalismo chinês, de um nacionalismo que, sem a agressividade americana, vai
submetendo a realidade internacional aos seus desígnios. O problema europeu não
é, porém, o de não existir um nacionalismo europeu, ou dos velhos nacionalismos
estarem mortos. O problema é que a Europa não tem nada para substituir o
nacionalismo. Por isso, a sua política é tão errática e o seu destino parece
tão negro. A racionalidade política chinesa é orientada pelo nacionalismo, a
Europa tem-se mostrado incapaz de produzir um princípio orientador que confira forma
e fim à acção política racional. A verdade é que os europeus substituíram o
nacionalismo por coisa nenhuma. E isto merece ser pensado, até para que os nacionalismos
arcaicos não acordem por aí e nos assediem como fantasmas.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.