sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

A racionalidade chinesa


Como o artigo de Ivan Krastev, no Público, sublinha, a conduta política chinesa é marcada por uma enorme racionalidade. Não parte de uma idealização a priori, nem se propõe ao proselitismo político, pecados americanos. Digamos que é uma racionalidade empírica, partindo da análise das condições concretas do mundo e formulando estratégias adequadas aos interesses chineses. Enquanto europeu, submetido durante muito tempo à retórica do fim dos Estado-Nação e da malevolência dos nacionalismos, tenho a sensação nítida de ter sido enganado. A racionalidade chinesa é o instrumento do nacionalismo chinês, de um nacionalismo que, sem a agressividade americana, vai submetendo a realidade internacional aos seus desígnios. O problema europeu não é, porém, o de não existir um nacionalismo europeu, ou dos velhos nacionalismos estarem mortos. O problema é que a Europa não tem nada para substituir o nacionalismo. Por isso, a sua política é tão errática e o seu destino parece tão negro. A racionalidade política chinesa é orientada pelo nacionalismo, a Europa tem-se mostrado incapaz de produzir um princípio orientador que confira forma e fim à acção política racional. A verdade é que os europeus substituíram o nacionalismo por coisa nenhuma. E isto merece ser pensado, até para que os nacionalismos arcaicos não acordem por aí e nos assediem como fantasmas.

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