Emil Nolde - Danza alrededor del becerro de oro (1910)
Na Idade Média toda a vida estava organizada em torno da salvação da alma. Uma concepção política teocrática e uma estratificação social de aparência inamovível. O fim da Idade Média representou, na prática, aquilo que Nietzsche chamou, no século XIX, a morte de Deus. O homem tinha-se, então, a si mesmo como objecto. Renascimento e humanismo, querela dos modernos contra os antigos e vitória da modernidade, iluminismo e emancipação da razão, liberalismo e liberdade da acção, socialismo e valorização do comum sobre o individual. Todo este conjunto de coisas, quando não outras piores, foi ocupando o homem, e dando-lhe um sentido para viver, depois de Deus ter morrido ou ter-se retirado para um sítio menos poluído. Mas todos os substitutos de Deus foram caindo, caindo, reduzindo-se a nada. O que resta, hoje em dia, que dê sentido à vida das sociedades e do homem? Apenas o dinheiro. Acabámos com as procissões e as devoções para passar a dançar freneticamente à volta do bezerro de ouro.
O bezerro de ouro. Aí está uma quermesse para a qual deixei de "dar" há muito tempo.
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