Portugal vive uma crise que ultrapassa em muito o
problema das contas públicas. Se a crise não afecta a nossa identidade,
põe em causa a nossa viabilidade enquanto nação autónoma. Reduzir todos
os nossos problemas à questão económica é não perceber o essencial.
Aquilo que nos está a suceder é o resultado de uma atitude complacente
para com a realidade, de uma falta de exigência para com as elites
políticas e para connosco, de uma ausência de rigor com que fazemos as
coisas e encaramos as situações. É este modo de agir, transversal a toda
a sociedade, que nos conduziu ao sítio onde estamos.
Somos um pequeno povo com uma longa história, uma história que tem
muito para nos orgulhar. Mas também somos um povo com poucos recursos,
tanto financeiros como de matérias-primas. Estes factores deveriam ser
motivo de profunda coesão social. A história dá-nos um suplemento de
orgulho para afirmarmos um patriotismo constitucional e não xenófobo, o
sermos poucos e pobres apresenta-nos o desafio que nos deveria unir
para assegurar o futuro da comunidade.
Vivemos, na prática, uma situação de economia de guerra, tal a
devastação que o problema da dívida soberana está a causar no tecido
social. Ora é nestas ocasiões que uma comunidade precisa de dirigentes à
altura que a consigam unir e mobilizar para a tarefa de superação dos
problemas que enfrenta. Unir a comunidade não é fazer uma união nacional
ou um bloco central. Unir a comunidade significa, em primeiro lugar,
esclarecer com verdade e claramente a situação, aquilo que levou a ela,
responsabilizar quem a provocou e explicar um caminho de saída. Em
segundo lugar, unir a comunidade significa adoptar políticas em que se
perceba que os sacrifícios são partilhados por todos e que os benefícios
futuros também o serão.
Ora em vez de se adoptar um caminho de partilha das dificuldades e
de solidariedade, o que se descobre, a cada momento, são truques e
golpes para maximizar os lucros de uma pequena parte, para impor um
programa ideológico extremista, para desapossar a generalidade da
população dos seus direitos. Em vez de unirem os portugueses, as elites
governativas têm utilizado a situação para destruírem as classes médias e
tornarem as classes populares ainda mais pobres. Portugal c}orre o
risco de se desagregar e desaparecer. Precisamos de alguém que construa
pontes entre os portugueses e que saiba indicar um caminho que todos nós
possamos aceitar e empenharmo-nos nele. O amadorismo e fanatismo
político que nos governam, incapazes de construir essas pontes, são o
prenúncio de uma grande desgraça.
Não só não conseguem construir pontes, como fazem ir pelos ares as poucas que ainda restam.
ResponderEliminarSão uns sabotadores.
bfs
Abraço
Dedicam-se, agora, a aterrorizar as pessoas. São uns tratantes.
EliminarBom fim-de-semana,
Abraço