quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Poema 48 - A penumbra que vem de outrora

Thomas Cole - Cruz ao entardecer (1848)

48. A penumbra que vem de outrora

A penumbra que vem de outrora
chega ao entardecer.
Reverberação de musgo e seda,
corpos imprecisos,
algum sonho jamais sonhado.

Há mais passados 
do que aqueles que podemos suportar.
Na sua imperfeição, são uma cruz,
um horizonte de cinza e poeira,
a luz perdida no esquecimento.

4 comentários:


  1. Belíssimo.
    Pensar temos um passado que não seja a penumbra, é viver na ilusão de que, assim, a luz é possível.

    Abraço

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  2. Soa tão bem. Apetece pensar que a penumbra é o ninho perfeito, o útero de que não temos recordação, o espaço impreciso das primeiras memórias, o princípio do nosso passado.

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    Respostas
    1. Talvez a penumbra seja aquilo que os alemães chamam heimat ou os franceses chez-soi, essa pátria primitiva ou esse lar primordial.

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