Markus Luepertz - Diez cuadros sobre la sonrisa mecánica - Edipo (1985)
A posição do presidente da Câmara de Cascais e dirigente do PSD, Carlos Carreiras, sobre os comentários do secretário de Estado Carlos Moedas acerca do documento do FMI (melhor, do documento do governo encomendado ao FMI) não mostra apenas o desconforto que existe dentro do partido relativamente à destruição do país e do Estado a que estamos a assistir. Mostra uma outra coisa muito mais importante. "Eu, enquanto social-democrata, não gostei de ver um secretário de Estado de um Governo liderado pelo meu partido... e confesso que, do ponto de vista simbólico, também me chocou porque havia um sorriso nos lábios".
Parece haver no governo e nos pequenos núcleos que o apoiam um prazer enorme na vaga de sofrimento que estão a espalhar pelo país fora. Há muito que deixámos o terreno da política para entrarmos num cruel exercício de ajuste de contas com a História e de vingança contra as pessoas. Sei que sou suspeito, pois, enquanto professor do ensino público, ao qual dediquei a minha vida (uma vida vivida em função dos outros e não dos meus interesses particulares e privados), faço parte dos inimigos deste governo e sou, como todos os meus colegas, um alvo a abater. Mas julgo ter a lucidez suficiente para ser objectivo e perceber que aquilo que me parece ser maldade é mesmo maldade, um desejo incontrolável de trucidar as classes médias, de criar exércitos de proletários e de lúmpen, de fracturar a sociedade criando um nicho de gente rica e instalada e um oceano de pobres. Nota-se, neste governo, prazer em executar esta tarefa e, entusiasmados pelo sucesso que estão a alcançar, não conseguem já reprimir o sorriso nos lábios, mesmo que, por vezes, a Laura e o Pedro venham choramingar para o facebook. Esta gente é o que é, e parece que há uma fábrica para a produzir que nunca pára de trabalhar.
As carreiras urbanas de Cascais, têm o curioso nome de "BUSCAS". Acho que este Carreiras está -agora- a demarcar-se para não perder o autocarro das autárquicas.
ResponderEliminarJá nem sei se são perversos ou ignorantes porque o que mais me surpreende e choca são "as figuras de romance" que o par Coelho pretende transmitir.
Abraço
Seja qual for o motivo, quanto mais demarcações existirem no PSD melhor. Quanto ao par Coelho, que havemos nós de fazer?
EliminarAbraço.
Absolutamente de acordo. Este sorriso desbragado vai-lhes na alma há muito tempo, mas andava escondido, na verdade nunca abandonaram o desprezo pelo outro, o mundo destas pessoas divide-se entre ricos/poderosos e pobres/invejosos, para eles todo o projecto social assente na equidade não é mais do que uma vingança de antigas sopeiras e bastardos invejosos.
ResponderEliminarE ainda oiço alguns a chamarem corajosos a estes animais executivos, ou melhor, executantes, a Susan Sontag, afirmava que a coragem seria uma qualidade neutra e que só a coragem aliada à moral seria uma virtude, esta gente tem uma coragem doentia em destruir assim,sem aviso, nem analgésico, todo um edifício social que camainhava no sentido inverso.
Mas estes não são sequer corajosos, pois estão protegidos pelos maiorais, aqueles que são os seus verdadeiros senhores, e se as coisas se lhes correrem mal têm para onde ir, nem que seja para Paris estudar Filosofia,
EliminarMaldade ou nem isso: talvez apenas indigência intelectual, emocional, cultural.
ResponderEliminarMas estaremos a entrar na onda deles se esmorecermos, se nos deixarmos abater.
Mantenha bem vivo o orgulho na sua profissão e mantenha bem vivo o orgulho em ser funcionário público, porque tem razão para isso. Não é um grupelho qualquer de gente desclassificada que há-de macular coisas que são nobres.
Temos é que continuar a manifestar de forma bem audível o nosso desagrado, tão audível que eles se vejam forçados a fugir. Ou que o PR se veja forçado a agir.
PS: O riso mecânico da sua imagem é sinistro mas eu hoje também só me deu para arranjar imagens destas.
Não, não são apenas indigentes, Há perversidade mesmo. E quanto menos indigentes são intelectualmente, mais perversos são. Quanto ao resto, estou de acordo consigo. Sempre o serviço público foi uma coisa honrosa e este não se resume à burocracia do Estado. Servir a comunidade num hospital, numa escola, num quartel, no palácio da Justiça. São acções boas, por muito que esta gente fanática queira perverter o sentido das coisas.
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