Edvard Munch - Invierno en Kragerö (1912)
49. As Quatro Estações: Inverno
Sonho sempre o inverno como um fruto,
a pele banhada por uma luz sublime,
pequenos cristais de gelo,
a astúcia da neve prometida no horizonte.
Depois componho a vida
e deixo crescer algumas folhas mortas
nos ramos exaustos das árvores.
Ainda não é o inverno da infância,
a proliferação de rios sob as ervas,
a chuva a gritar nas janelas cariadas.
O amor ao inverno é um exercício lento,
requer a simplicidade de uma longa aprendizagem,
o desvario de olhar as chamas
para sentir as águas frias da intempérie.
Sento-me neste canto da casa
e espero por quem amei.
Descaco o fruto invernoso
e uma súbita luz derrama
perfumes de romã sobre o teu olhar.
E, para além da beleza do que dizes, o amor ao inverno é o mais frutuoso dos exercícios. Gosto muito das sinestesias da última estrofe.
ResponderEliminarMesmo os dias de sol mais belos são os do inverno. Mas a minha estação preferida é o outono. Não todo, mas aquele outono que começa a entregar-se ao inverno.
EliminarBelo poema.
ResponderEliminarAs romãs descascam-se devagar, à flor do tacto.
Abraço
Muito obrigado.
EliminarAbraço