Darío Villalba - Ecce Homo II (1991)
O jogo entre a denominação e a pintura, no quadro de Villalba, parece ser uma ironia, a exploração risível da crença do espectador no valor da arte moderna, o uso indiscriminado de uma expressão latina que nada liga ao que é dado a ver. Todavia, esta impressão é de imediato posta de lado se nos colocarmos no âmbito da tradição judaico-cristã. A expressão Ecce Homo (Eis o homem) terá sido a expressão latina usado por Pôncio Pilatos ao apresentar Cristo aos judeus. Esta passagem neo-testamentária gerou uma imensa tradição pictórica na história da arte ocidental. Para compreender, porém, o que se manifesta no quadro de Villalba, é necessário recorrer a outra ideia bíblica. O homem é pó e ao pó retornará. No quadro de Villalba, olhamos a nossa natureza e o destino do corpo. A ironia tem a vantagem de sublinhar a risibilidade humana, o ridículo das nossas pretensões, o mau fundamento de toda a glorificação do homem, a vaidade que pomos na máscara com que escondemos a poeira de que somos feitos.
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