Antigamente, o mês de Agosto era visto como a silly season, um tempo de frivolidade e
um intervalo no conflito político e social. Como acontece em tudo na vida, a silly season não era para todos. Para
muitos, mesmo no mundo ocidental, não havia lugar para a frivolidade, pois a
vida impunha-lhes o peso das necessidades e não lhes dava intervalo para
descansar das responsabilidades com que arcavam. No Portugal de hoje, neste país
onde a generalidade da população vive à beira do colapso, haverá uma silly season muito especial.
É verdade que a moção de confiança apresentada no governo foi um
exercício frívolo, embora não tenha sido uma patetice. Todos sabemos que a
falta de legitimidade do governo não reside no apoio no parlamento, onde possui
uma maioria confortável, agora recasada. A falta de legitimidade do governo é
material e assenta em dois pontos. O primeiro diz respeito às promessas que fez
para alcançar o poder e que pura e simplesmente rasgou no dia a seguir à
vitória eleitoral. O segundo está ligado à base social de apoio ao governo, que
está longe de ser maioritária. Mas o governo precisava, por indicação do
Presidente da República, de encenar o número da legitimidade para poder
continuar o conjunto de malfeitorias políticas que orientam a sua acção e assim
organizar a silly season com
que vai brindar muitos portugueses.
É esse objectivo – o de tornar a vida dos portugueses ainda mais
precária e difícil – que será o programa da silly season deste ano. Há decisões que só se tomam quando as
pessoas estão distraídas ou ausentes, como o estão a descobrir agora muitos
professores que foram atirados para a mobilidade especial através de um simples
expediente na organização do ano lectivo, e cuja orientação chegou às escolas
já com o mês de Julho a terminar. Mas este é apenas um exemplo.
A silly season de
muitas portugueses vai ser de muita dor e sofrimento. Gente que perderá o lugar
onde trabalhou uma vida inteira, gente que verá a sua empresa ir à falência,
gente que descobrirá, sob o terrível sol de Agosto, que nunca mais terá
trabalho, gente que verá chegar o fim do subsídio de desemprego, gente que um
dia viveu com dignidade e que amanhã terá de viver de caridade. O terrorismo
social que domina o governo não parará para férias. Trabalhará incansavelmente
no seu programa predilecto, perseguir os mais pobres e destruir as classes
médias. A silly season dos
portugueses será apenas mais uma estação no longo calvário a que o actual
governo, preso aos seus fanatismo e extremismo ideológicos, tem sujeitado o
país.
Silly season, silly country, silly election polls. I'm really tired and I hardly can wait to leave for a while.
ResponderEliminarRegards
Fundamentalmente, silly country.
EliminarAbraço