Carlos Morago - Arvoredo (1998)
Uma sombra desceu sobre a floresta
e na clareira crepita uma memória triste,
a precária oferenda a um deus cansado,
esquecido da velha aliança,
dos homens que correram pelos mares
e da água fizeram jardim e sepulcro.
Sentemo-nos no silêncio desta hora.
Dançam espectros surdos no horizonte
e a multidão aziaga corre enlouquecida,
sob os tambores da noite que chega.
Um gesto e as trevas caem sobre os olhos.
A cegueira mais pura ressoa sobre
os montes, a luz verde da salvação.
Esquecemos o nome e a estirpe,
um lenço de azedume tapa a vida fértil:
as cidades foram tomadas
e os campos onde derramámos o sangue
são pasto de ignomínia e traição.
Não sei se a História se existiu ou não passou de história, mas sinto que foi traída.
ResponderEliminarAbraço
Talvez a única História que existe seja sempre as que histórias que imaginamos que existiram.
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