Mon Montoya - Objectos na noite, sombras (1999)
Removo a
poeira que oculta a luz
e deixo
fermentar as imagens
que trago no
fundo do corpo.
São restos
do mundo que amei,
os velhos
pinheiros agora ardidos,
campos onde
o sol descia entre águas,
alguma
memória na orla da floresta.
Faço de tudo
isso um pequeno manual,
irónica recordação
do tempo
em que os
castelos cobriam a paisagem
e de lá
avistava o inimigo.
Depois,
componho nas margens do Tejo
um longo hino
e medito na queda
que assombra
o silêncio da noite.
As praias
morrem de turistas
e as cidades,
reminiscências de um amor,
cantam um
requiem pelos dias felizes.
O mal chega
sob a figura do futuro
e uma lepra
azeda infesta as mãos,
traça runas
pelas paredes,
a sombra da
minha sombra ao partir.
Também me doem as cinzas que escondem a beleza das veredas do Tejo, apenas não sei transformá-las em poesia.
ResponderEliminarMais um belo poema.
Abraço
Muito obrigado, JRD.
EliminarAbraço