Juan Genovés Candel - Ameaça (1969)
O mar
chega-nos em ondas de algas e pústulas,
sacos de
plástico abandonados, cadáveres azuis
de gaivotas
traídas pelo fogo da tarde.
Sentado,
olho o horizonte , a vertigem do ódio,
cada palavra
que o vento traz e ressoa na rocha.
Um lençol de
sangue brilha sobre o mar em putrefacção,
zunem traineiras
abandonadas pela areia,
e os
veraneantes olham da mansa estupidez dos dias.
A cegueira
invade a terra e desenha um mapa de
desperdícios,
fuligem, uma paisagem ocre-vermelho,
velha fantasia
de um deus esquartejado e traído.
Soletro no
silêncio o nome perdido desta pátria
e, ao longe,
vejo sombras que crescem, uma ameaça,
restos de
embarcações esquecidas. Entre os náufragos,
ergue-se flamejante
a sombria sombra da minha sombra.
Muito bom..soletro P-o-r-t-u-g-a-l...
ResponderEliminarMuito obrigado, Maria Correia.
EliminarNão foi para isto que Camões enfrentou o mar e salvou os Lusíadas.
ResponderEliminarAbraço
Lá isso não deve ter sido, mas os poderes nunca estiveram lá muito interessados na palavra dos poetas.
EliminarAbraço