Salvador Dali - Sombras na noite que cai (1931)
São as horas
solitárias em que a noite nasce,
traça um
rumor de alfazema sobre a terra
e espera que
os seres adormeçam para,
entre gritos
e sussurros, os devorar.
Noite
ressequida, o sangue lavou os campos,
e o vento
varreu para longe as folhas.
Nelas havia
um segredo, a conjura do mal
sobre a
fascinada servidão dos fracos.
A estirpe
dispersou-se há muito, levada
pelo rufar
dos cães na folhagem nocturna.
Uma cilada de invernos abre-se a leste,
enquanto o
cantar do galo anuncia um rosto,
branco e
bravio, sobre o oceano de púrpura.
A noite
desceu pelo rio da saudade.
Ouvem-se os
pássaros em debandada
e no bronze
da aldeia ecoam ainda as trindades.
É imperioso e urgente encontrar a doce "claridade diurna" da noite.
ResponderEliminarBelíssimo poema.
Abraço
Muito obrigado, JRD,
EliminarAbraço