Rafael Canogar - O Muro (1992)
Faz hoje 25 anos que o Muro de Berlim foi derrubado. Mas o dia 9 de Novembro de 1989 será, do ponto de vista da hermenêutica histórica, muito menos interessante que o dia 13 de Agosto de 1961. Nesse dia, a denominada República Democrática Alemã cortou as suas ligações com a Alemanha Federal e o Ocidente, começando então a construção do Muro de Berlim. Há 25 anos acabou um equívoco, mas os actos de 13 de Agosto de 1961 foram uma terrível confissão de fraqueza. Na verdade, o projecto comunista morreu nesse dia, morreu no momento em que reconheceu que não podia competir com o Ocidente e que, para evitar a deserção massiva dos seus cidadãos, tinha de se muralhar.
Este acontecimento é, na verdade, muito mais importante do que o de 1989. Há 25 anos apenas se confirmou a derrocada completa de um projecto que, depois de prometer um homem novo, se deixara pura e simplesmente simbolizar por um Muro que dividia uma nação, uma cidade e muitas famílias. A queda do Muro de Berlim pouco nos diz sobre a bondade moral dos regimes ocidentais. Diz-nos apenas que eles eram mais fortes e atraentes do que os regimes comunistas do bloco de leste, diz-nos que, na época, eram preferíveis e que a generalidade dos cidadãos de leste ansiava por eles. A queda de há 25 anos nada nos diz sobre o mundo que veio depois daquela data. Na verdade, não foi mais do que o início das exéquias de um cadáver que estava por enterrar desde 1961. Não é pouco, mas não é tanto quanto se julga.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.