Tal-Coat - Massacre (1937)
O Papa (aqui e aqui) e o Cardeal-Patriarca de Lisboa (aqui) aludiram, nesta Páscoa, ao martírio dos cristãos de África e do Médio-Oriente. Não vale a pena dizer que o massacre de quem quer que seja é inaceitável. É verdade, mas os presentes massacres visam, efectivamente, aqueles que são cristãos, apenas pelo simples facto de o serem. Para nós, ocidentais, estes massacres interpelam-nos de duas formas. Em primeiro lugar, eles interpelam-nos na nossa consciência universal de que é inaceitável perseguir alguém por questões de convicção, seja ela religiosa ou outra. Em segundo lugar, elas interpelam-nos na nossa particularidade. Os cristãos massacrados em África e no Médio Oriente são uma espécie tenebrosa de metáfora. São massacrados por serem o que são e por partilharem aquilo que faz o fundo da cultura ocidental, o cristianismo. Os cristãos africanos e do médio-oriente morrem por eles e por nós, mesmo por aqueles que sendo ocidentais não são cristãos nem crentes seja de que religião for. O que é aviltante em toda esta história, para além da conduta criminosa dos bandos radicais islâmicos, é o silêncio e a ponderação pusilânime das potências ocidentais. Apesar de possuírem um fundo cristão, as potências ocidentais só intervêm se está em jogo a necessidade de abrir território ao mercado livre, isto é, aos interesses da elite económico-financeira. As pessoas, mesmo aquelas que partilham os nossos valores, tornaram-se um detalhe irrelevante. A sua defesa não gera cimeiras nos Açores. Quando os governantes se venderam ao príncipe deste mundo (aqui), as suas acções e as suas omissões não se distinguem daquelas que são perpetradas pelos bandos radicais que fazem do crime a sua imagem de marca. Uns pecam por acção, outros por omissão.
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