Um estudo (link desactivado) publicado na revista Nature chega a uma interessante
conclusão. Possuir uma visão adequada da realidade é uma desvantagem
competitiva. Os indivíduos que possuem excesso de confiança, quando em
situações de competição por recursos cujos benefícios sejam suficientemente
grandes em relação aos custos, têm vantagem competitiva sobre os que têm uma
visão adequada da realidade. Por outro lado, quando se está perante conflitos
com um custo elevado, a selecção favorece aqueles que têm uma visão subavaliada
das suas capacidades. Em caso algum, aqueles que possuem uma auto-avaliação
realista e adequada são seleccionados.
Deste ponto de vista e contrariamente à moral tradicional, a
auto-ilusão e a mentira sobre si mesmo são um bem, enquanto a perspectiva moral
que ordena o auto-conhecimento induz uma desvantagem. O célebre oráculo de
Delfos, que ordenou a Sócrates conhece-te a ti mesmo!, nada sabia dos
processos de selecção. Não bastava a já velha diatribe de Nietzsche contra a
verdade. Agora ficamos a saber que é melhor possuir uma imagem ficcional e
desadequada da nossa própria realidade para podermos sobreviver. Assim sendo, o Nietzsche de
a Origem da Tragédia tem
completa razão. A preocupação do homem teórico, a preocupação com a verdade
enquanto adequação do conhecimento à realidade, é uma patologia. (averomundo, 2011/09/14)
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