A Alma Pátria continua a explorar o filão do Festival RTP da
canção. Hugo Maia Loureiro era, no início dos anos setenta, um dos nomes fortes
do Festival. Julgo que nunca ganhou. Em 1970, com Canção de Madrugar, fica em segundo lugar, atrás de Sérgio
Borges, Onde vais rio que eu canto. Canção de Madrugar, com música de
Nuno Nazareth Fernandes, letra do inevitável José Carlos Ary dos
Santos. E é a Ary dos Santos que se deve
a primeira atenção. Ele é extraordinariamente eficaz na construção da letra.
Consegue dar densidade a uma canção de amor que, nas mãos de outros, não
passaria de uma mera cançoneta. E essa densidade deve-se ao uso exímio da
língua portuguesa para obter um efeito onde se revela toda a tensão trágica que
habita essa idealização que toma o nome de amor. A música de Nazareth Fernandes
e a voz de Maia Loureiro dão pleno corpo à inventividade do letrista. Augúrio
de um tempo que despontava no horizonte.
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