As eleições torrejanas tinham vários ingredientes que as
tornavam muito interessantes. Em primeiro lugar, havia que medir o impacto do
corte dramático, ampliado na comunicação social local, de António Rodrigues, o
antigo presidente, com o PS, bem como o da avaliação negativa da actuação da
câmara veiculada no espaço politizado do concelho. Em segundo lugar, testar a
pretensão do Bloco de Esquerda conquistar um segundo vereador ou mesmo a câmara. Em terceiro lugar, observar
como a CDU resistiria eleitoralmente à saída de cena de Carlos Tomé. Por fim,
observar se o PSD local acompanharia ou não o previsível naufrágio nacional.
O grande triunfador da noite é mais do que o PS o próprio
Pedro Ferreira. O PS obtém, para a
câmara, mais de 10 % do que o mesmo PS alcança para a Assembleia Municipal.
Pedro Ferreira foi buscar votos a eleitores de todos os outros quadrantes
políticos e acabou com uma votação acima dos 50%. A vitória de Pedro Ferreira
ultrapassa a ajuda que os bons resultados da governação de António Costa terá
dado aos candidatos do PS. Contrariamente ao que se pensava nos círculos
concelhios mais politizados, a população reconheceu com muito bom o trabalho da
câmara socialista. Por outro lado, Pedro Ferreira mostrou que não dependia de
António Rodrigues, um dos perdedores da noite eleitoral. A oposição deste
parece ter tido mesmo um efeito favorável a Pedro Ferreira. Uma vitória
indiscutível.
O Bloco de Esquerda tem um grande desempenho. Cresce 4,6% na
votação para a Câmara e torna-se na terceira força política do concelho. Este
excelente resultado foi ensombrado pela expectativa fantasiosa de uma
hipotética vitória ou, mais modestamente de ter um segundo vereador. No
entanto, deixa ver que o BE está em processo de consolidação no concelho e que
a sua cabeça de lista adquiriu um verdadeiro reconhecimento local. Uma
desilusão, o resultado da CDU e a perda do mandato na vereação. Carlos Tomé
tinha um peso maior que o partido e o seu afastamento teve consequências
desastrosas para os comunistas, apesar da qualidade do trabalho autárquico
realizado pela CDU e pela sua candidata. Filipa Rodrigues vai fazer falta na
vereação.
O PSD torrejano – um partido que em tempos teve pessoas de
grande capacidade, reconhecimento e peso no concelho – é uma sombra do que já
foi. O naufrágio nacional não explica tudo nestes resultados locais. O PSD
deveria aprender com a CDU, malgré tout,
e o BE a fazer oposição e a preparar-se para discutir a câmara. A ideia de quem
olha de fora é que o actual PSD não passa de um pequeno grupo de diletantes,
com pouca preparação política e sem ligação à comunidade. Torres Novas precisa
de outro PSD. Por fim, uma palavra para o CDS. Progride 0,9%, ultrapassando os
700 votos para a câmara, fruto do trabalho que tem desenvolvido. No entanto,
ainda longe de ter uma presença minimamente consolidada no concelho. A fasquia
dos 1000 votos ainda está distante.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.