Friedrich Engels - Max Stirner
O irmão mais novo de Bruno Bauer, Edgar (1820-1886), passa
por ter sido, nos seus verdes anos, o fundador do movimento anarquista na
Alemanha. Há quem, inclusive, consiga discernir nos seus escritos de juventude
uma justificação teórica do terrorismo. Mais tarde, como acontece com muitos
jovens radicais, tornou-se conservador. Interrogo-me, eu que não conheço as suas obras, em que momento da vida teria escutado a confissão de Max
Stirner (1806-1856), catorze anos mais velho. Este ter-lhe-á dito que uma vez,
inopinadamente, viu a mulher, Agnes Butz (1815-1838), nua e que, a partir daí,
nunca mais conseguiu tocar-lhe. O enigma desta história não está na morte do
desejo perante o espectáculo da nudez. Talvez o corpo de Agnes fosse demasiado
luminoso e, como sabemos, a luz ostensiva é um poder mortal. Enigmático é o motivo
que leva Stirner a partilhar a sua experiência de iluminação e morte com alguém
que não só é muito mais novo como, por certo, ainda muito jovem. Podemos pensar
que há nos homens um pendor para a confissão. Isso, porém, não explica a
escolha daquele confessor. Haverá outra possibilidade. Stirner terá estabelecido
uma analogia entre o corpo de Agnes, cuja nudez lhe apareceu como uma explosão
paralisante, e o espírito do jovem Bauer, tão pronto a dinamitar a ordem do
mundo. E todos sabemos como o reconhecimento de semelhanças leva os homens a falar
do que prefeririam esconder.
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