Gustavo Torner - Átomos: Los Cuatro Elementos. Agua (1986)
43. Quatro elementos: Água
Mistério insondável dos barcos que partem,
das tuas mãos brancas e lêvedas,
dos dias de inverno trazidos do mar.
Um risco na areia da praia,
a onda que vem e tudo apaga,
o marulhar eterno ao sabor do vento.
Em ti não posso entrar duas vezes,
tocas-me e tornas-te outra
e corres desprendida da vida,
esquecida do meu olhar.
Sento-me e espero que voltes,
verde e azul sob um céu de gaivotas.
Eu gosto desta toada heraclitiana. Excelente, Jorge.
ResponderEliminarObrigado, Ivone. Na verdade, porém, nunca me decidi se era heraclitiano ou parmenídio. E agora começa a ser tarde para tal decisão.
EliminarQue beleza.
ResponderEliminarVejo um céu de gaivotas, barcos que partem, ondas que purificam, o marulhar eterno e todo este ambiente e já me parece que estou a ver a minha casa.
Ou seja, apetece-me entrar no poema, deixar-me ficar dentro dele.
Talvez os poemas sejam casas, um lar onde nos podemos instalar no desabrigo da vida. Muito obrigado, UJM.
EliminarFeliz da concha a quem o vai e vem do mar, lhe deixa o espaço da maré para que possa ver o sol.
ResponderEliminarAbraço
Talvez nem para as conchas o sol esteja a brilhar.
EliminarAbraço