Retornar à raiz é instalar-se na quietude;
Instalar-se na quietude é reencontrar a ordem;
Reencontrar a ordem é conhecer o permanente;
Conhecer o permanente é a iluminação.
Lao Tse, Tao Te
King, XVI
Onde a
imensa árvore lançou raízes brotou um mundo ambarino de estrutura dócil e
suave. Homens e mulheres tinham abandonado as florestas e entregavam-se
naqueles dias a uma vida de devaneio. Uns buscavam um sítio onde recompor a
alma, outros, uma esperança, uma ilusão, ténue que fosse, que os mantivesse à
tona da existência. Era o reino da desordem, um caos amarelo violáceo, um lugar
de dor e perdição: as mulheres não tinham filhos e os homens esqueciam os
rituais de caça. Assolado por tempestades sem fim, o céu deixara de ser refúgio
para aqueles que para o alto ainda olhavam.
Quando
Dezembro chegou com os seus imperativos, um homem, que em tempos aspirara
percorrer os mares, sentou-se debaixo de uma árvore. Veio o frio e a chuva,
depois nevou. Ele todavia continuou no seu lugar. Um pássaro bravio poisou na
sua cabeça e mais tarde aí nidificou. Enquanto o homem permanecia na sua
quietude, uma ordem suave, feita de luz, construiu-se à sua volta. No inverno
seguinte, as mulheres amamentaram os primeiros filhos, os homens reaprenderam
as artes da caça e descobriram como cultivar os campos. Um rei justo governou
sobre todos eles.
Debaixo da
árvore, uma árvore com forma humana lançou profundas raízes. Em cada solstício
de Inverno, iluminadas por gigantescas fogueiras, as mais belas raparigas do
reino inundam com leite e mel, como se de um banquete nupcial se tratasse,
aquele homem que um dia, por decisão inviolável, se tornou na terra a árvore do
paraíso.
Do caos passou-se ao paraíso, mas o Homem não entendeu a mudança e destruiu a felicidade quando "inventou" a propriedade.
ResponderEliminarQue Domingo este hein!?
Um abraço
Um domingo triste, mas não é essa a ess^wencia dos domingos?
EliminarUm boa semana.
Abraço
permanecer como fómula de sobreviver para além do presente.
ResponderEliminarpermanecer é, por estes dias, um desafio tão monumental quanto atravessar mares o terá sido no século XIV.
anunciam-se adventos neste texto, aguardemos o final da tempestade.
O mais curioso é que este texto tem cerca de 13 anos, talvez um pouco mais. Na verdade, o mundo está sempre à beira do caos e aprender a permanecer é um imperativo para todos os tempos. Talvez não haja fim para a tempestade, pois ela é o que compete a cada dia. naõ sei...
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