Ramón Pérez Carrió - Sermón del ser y no ser (1993)
O poeta fala do limiar do ser. Para determinar o ser de uma imagem, ser-nos-á então necessário fazer a experiência da sua ressonância. (Gaston Bachelard, La poétique de l'espace)
Estar no limiar é estar numa fronteira, naquela linha imaginária que divide duas soberanias. Uma dessas potestadades, sabemos claramente qual é, a soberania do ser, o território do que se manifesta na existência. Estar no limiar do ser é estar à porta da casa do ser. Mas que soberania será a outra? Que pátria é aquela que o limiar onde se encontra o poeta divide da pátria do ser? Essa outra pátria só pode ser o nada, a ausência da existência e das suas claras determinações.
A determinação do ser de uma imagem poética não é o trabalho do poeta, mas do filósofo da poesia. O poeta é o homem da fronteira, o contrabandista que transporta mercadoria entre os dois lados. Pega nas palavras que a existência determinada da língua lhe fornece e funde-as com a indeterminação vinda do país do nada. Como faz ele isso? Dissolve o peso do sentido no som do poema. O poema é então esse acontecimento que se dá numa fronteira, na linha imaginária que separa ser e nada, a vida organizada e o que está antes e depois dela.
Fazer a experiência da ressonância de uma imagem poética é já o trabalho do filósofo, daquele que pretende trabalhar novas geografias conceptuais, que prepara a conquista pelo ser de territórios ocupados pelo nada. No trabalho do filósofo está já presente a força da lei, a ânsia da determinação, o poder de conquista e de delimitação. A poesia, porém, retira-se para uma nova fronteira, abandona o sentido conquistado e mergulha no inarticulado que há no som, para assim poder continuar a epopeia do contrabando. Se o poeta é um contrabandista, o filósofo é um usurpador.
Estar no limiar é estar numa fronteira, naquela linha imaginária que divide duas soberanias. Uma dessas potestadades, sabemos claramente qual é, a soberania do ser, o território do que se manifesta na existência. Estar no limiar do ser é estar à porta da casa do ser. Mas que soberania será a outra? Que pátria é aquela que o limiar onde se encontra o poeta divide da pátria do ser? Essa outra pátria só pode ser o nada, a ausência da existência e das suas claras determinações.
A determinação do ser de uma imagem poética não é o trabalho do poeta, mas do filósofo da poesia. O poeta é o homem da fronteira, o contrabandista que transporta mercadoria entre os dois lados. Pega nas palavras que a existência determinada da língua lhe fornece e funde-as com a indeterminação vinda do país do nada. Como faz ele isso? Dissolve o peso do sentido no som do poema. O poema é então esse acontecimento que se dá numa fronteira, na linha imaginária que separa ser e nada, a vida organizada e o que está antes e depois dela.
Fazer a experiência da ressonância de uma imagem poética é já o trabalho do filósofo, daquele que pretende trabalhar novas geografias conceptuais, que prepara a conquista pelo ser de territórios ocupados pelo nada. No trabalho do filósofo está já presente a força da lei, a ânsia da determinação, o poder de conquista e de delimitação. A poesia, porém, retira-se para uma nova fronteira, abandona o sentido conquistado e mergulha no inarticulado que há no som, para assim poder continuar a epopeia do contrabando. Se o poeta é um contrabandista, o filósofo é um usurpador.
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