domingo, 11 de maio de 2014

Afinal era um resgate dos bancos

Rodney Smith - Twins Leaning Outward (1997)

O senhor Philippe Legrain - conselheiro independente de Durão Barroso entre 2011 e Fevereiro de 2014 - veio tornar claro, em entrevista ao Público, aquilo que muita gente afirmava. Que o resgate financeiro não visava servir os países que o suportaram nem sanear as suas finanças públicas, mas resgatar os bancos alemães e franceses. Muitas são as ignomínias que o senhor Legrain elenca, mas aquela que deveria ser olhada com mais atenção é a da promiscuidade entre os bancos e os políticos. Estes surgem como agentes dos interesses dos bancos e, tendo em vista o cumprimento do laço feudo-vassálico informal a que estão presos, desprezam os cidadãos e não hesitam em transformar a vida das pessoas num autêntico inferno, adoptando políticas erradas apenas para defenderem aqueles que na verdade representam. A questão essencial é da falsa representação ao nível democrático. Podemos pensar que, desde há muito, o laço entre representantes políticos e representados é ténue. Talvez, mas nunca como agora isso se tornou tão claro. Na prática, o sistema democrático já não é democrático - e isto não é apenas um problema europeu, pois passa-se o mesmo nos EUA -, apesar da sua aparência formal. Na pós-democracia em que vivemos, representantes eleitos e cidadãos representados estão de costas viradas uns para os outros e vivem realidades completamente diferentes.

4 comentários:

  1. Recordo o seu poste anterior sobre a o orgulho da autonomia e imagino como teria sido se todos nós fossemos islandeses.

    Boa semana

    Abraço

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  2. A coisa não é surpresa para mim, aliás ainda há um ou dois dias escrevi aqui um comentário neste sentido. O que é surpresa é saber que Durão contratou este assessor, ouviu o que ele disse (e que é claro como água e comprovado pelos factos), e depois prosseguiu como se não tivesse ouvido, como se ninguém o tivesse alertado. Surpresa é que uma nulidade como Durão Barroso ainda fique com ar apalermado quando é interrompido por estudantes que gritam contra a austeridade. Surpresa é ele e outros como ele ainda conseguirem ver-se ao espelho.

    E mais surpresa ainda para mim é saber que, por cá, ainda há mais de 30% de pessoas que tencionam continuar a votar em quem tem estado de portas (e pernas) abertas a esta torpe política.

    Enfim. Uma tristeza.

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    1. O Durão Barroso sabe bem a quem serve. Noutros tempos dir-se-ia - isto é, diria ele próprio - que era uma opção de classe. Quanto aos 30% que tencionam continuar na coisa, se for só 30% não estamos mal de todo. Mas duvido que não seja mais. Fundamentalmente, em 2015.

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