Jaime Burguillos - Ocaso (1976)
Um texto novo a intercalar nos textos dos cadernos do esquecimento provenientes do meu antigo blogue averomundo.
É bom quando nada acontece, dizia Bjartur.
Alguns queixam-se da monotonia,
são marcas da adolescência,
as pessoas sensatas abominam acontecimentos.
(Halldór Laxness, Gente Independente, p. 324)
Nunca como nos dias de hoje o espírito da adolescência foi tão vincado. O desejo de acontecimentos, a impaciência por não ocorrer nada, a frívola busca da acção, tudo isso revela a imaturidade que tomou conta do Ocidente, uma imaturidade cheia de terrores que impelem os indivíduos para o fazer acontecer, como se a vida não passasse de uma promoção contínua de eventos. O espírito de iniciativa, alçado com a modernidade ao primeiro plano, é a marca dessa adolescência tornada eterna. Não se compreende, porém, que fazer acontecer é aproximar do fim, fazer com que o ocaso, o pôr-do-sol, ocorra mais rapidamente e tudo mergulhe nas trevas da noite.
Faz tempo que a adolescência era a idade da inocência, hoje é da urgência.
ResponderEliminarAbraço
Mas o pior é que essa urgência tomou conta de tudo e de todos. Isso não será um bom sintoma.
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