Paul Delvaux - A idade de ferro (1951)
A cada seis meses é proclamada a entrada numa nova era, a
ruptura com o que aconteceu até aí, o anúncio de que nada será como antes. Isto
mostra não apenas a impaciência profunda que tomou conta dos fazedores de
opinião como o tédio que se apoderou de uma massa informe da população educada
pela televisão. A vida e as suas metamorfoses são entendidas num misto de
telenovela e de reality show, na qual
os consumidores – é esta de facto a designação que se deve dar à população de
hoje – exigem continuamente novidades. Sublinhe-se que estas novas eras
semestrais, digamos assim, não nascem nem de um espírito profético nem, tão
pouco, apocalíptico. Têm a sua origem no culto do entretenimento que a tudo
domina e naquela ignorância estrutural que impede a compreensão daquele
versículo do Eclesiastes (1:9) que diz: O
que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que nada
há de novo debaixo do sol.
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