Eugène Delacroix - La liberté guidant le peuple (1830)
No Le Monde online pode ler-se o espanto com que os media ingleses acolheram o sucesso pró-europeu de Emmanuel Macron. Contudo, deve-se ser prudente neste sucesso e olhar mais de perto para os resultados eleitorais de ontem. E estes estão longe de serem tranquilizadores para o europeísmo. Na prática, e somando a contestação de direita e de esquerda, o anti-europeísmo atinge 48,59% dos votos expressos, assim distribuídos: Le Pen (21,53%) + Mélanchon (19,64%) + Dupont-Aignan (4,75%) + Poutou (1,22%) + Asselineau (0,92) + Artaud (0,65). Pode-se afirmar que o soberanismo de esquerda e o de direita não são iguais, mas uma coisa é certa: ambos representam uma ruptura com os caminhos que a UE vem seguindo. Aquilo que foi durante décadas consensual é hoje um factor enorme de divisão. Quando o eleitorado de um dos principais países fundadores do projecto europeu se mostra tão renitente com a situação algo está longe de estar bem. Resta saber uma coisa: terá a elite política europeia - nomeadamente o Partido Popular Europeu e o Partido Socialista Europeu - aprendido alguma coisa com o brexit e com os resultados das eleições francesas de ontem ou, pelo contrário, vê na possível vitória de Macron uma legitimação suficiente da justeza do caminho adoptado até aqui e vai continuar como se nada se tivesse passado? Macron pode ser um passo para a regeneração do projecto europeu, mas também pode ser o véu que cobre o cadáver em decomposição.
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