Claudio Bravo, Auto-retrato, 1971
Uma avenida que parecia não ter fim. A princípio, corria nela sem que soubesse a razão. A partir de determinada altura, onde havia um edifício imponente, com grandes arcadas e persianas verdes, senti que ia nu. À frente de mim corria a minha roupa, uma estranha roupa para os meus hábitos, corria como se fugisse. Por vezes, ela olhava para trás. Se eu me aproximava, ela ia buscar um novo fôlego e afastava-se. Sentia o medo da roupa e o meu desespero. Eu corria cada vez mais depressa para me vestir. Ela fugia-me cada vez mais determinada. Ao acordar senti um profundo cansaço e doía-me a cabeça. Tinha dormido vestido com uma roupa que desconhecia.
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