Houve um tempo em que os veraneantes portugueses não se
precipitavam todos em direcção aos calores do Algarve. Na costa ocidental – a norte
de Lisboa, entenda-se – havia um conjunto de praias que recebiam, com mais sol
ou mais nevoeiro, e de acordo com uma distribuição de classe ordenada segundo
princípios implícitos, que por o serem eram indiscutíveis, os que podiam pisar
areias de Portugal e ver o mar. Entre as mais distintas, segundo os critérios
da época, estava a Figueira da Foz, que deu origem a esta canção de António
Sousa Freiras e Nóbrega e Sousa, interpretada por uma das grandes vedetas da rádio
portuguesa, Maria Clara. Interessante na canção é a plena erotização da praia e
dos elementos naturais, onde não faltam alusões a cândidas ménages à trois,
isto para não entrarmos em insinuações sobre o género das partes envolvidas e para
não se especular sobre o tipo de amplexos possíveis. O passado é um país
estrangeiro, lá fazem-se as coisas de forma diferente, como diria o
romancista Leslie Poles Hartley.
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