quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Alma Pátria 64: Maria Clara, Figueira da Foz



Houve um tempo em que os veraneantes portugueses não se precipitavam todos em direcção aos calores do Algarve. Na costa ocidental – a norte de Lisboa, entenda-se – havia um conjunto de praias que recebiam, com mais sol ou mais nevoeiro, e de acordo com uma distribuição de classe ordenada segundo princípios implícitos, que por o serem eram indiscutíveis, os que podiam pisar areias de Portugal e ver o mar. Entre as mais distintas, segundo os critérios da época, estava a Figueira da Foz, que deu origem a esta canção de António Sousa Freiras e Nóbrega e Sousa, interpretada por uma das grandes vedetas da rádio portuguesa, Maria Clara. Interessante na canção é a plena erotização da praia e dos elementos naturais, onde não faltam alusões a cândidas ménages à trois, isto para não entrarmos em insinuações sobre o género das partes envolvidas e para não se especular sobre o tipo de amplexos possíveis. O passado é um país estrangeiro, lá fazem-se as coisas de forma diferente, como diria o romancista Leslie Poles Hartley.

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