sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Poema 16 - Tudo é sombra neste dia de sol inteiro


Tudo é sombra neste dia de sol inteiro.
Tudo é vendaval na serena madrugada.
De que valem as minhas preces
se a noite será o fim da jornada?

As ordenações da morte caíram sobre a pátria
e morreu o fulgor na casa vazia.
Levaram a saudade daquilo que adorei
e a memória que foi minha um dia.

Qual o lugar para quem ama a liberdade
ou para o jardim onde morreu a tua flor?
Tudo se extingue envolto em cansaço,

como se não houvesse luz ou verdade,
e da pátria apenas restasse a dor,
que cai sobre o que amo ou faço.

2 comentários:

  1. Muito bom, este soneto (quase perfeito na métrica, mas... que importa o quase?)na senda da melhor poesia dos povos ibéricos. «Qual o lugar para quem ama a liberdade»? Talvez o único lugar seja ainda este, o da escrita, por enquanto, pelo menos. Carpe Diem.

    ResponderEliminar
  2. Estes sonetos são mesmo desmetrificados, digamos assim. Propositadamente não estou a usar metro, mas verso livre. Se há versos que são mais heróicos, sáficos ou alexandrinos, isso não se deve a nenhum propósito, mas ao ritmo "espontâneo" da escrita. Tão pouco verifico se isso ocorre. Talvez lá mais para a frente, me apetece fazer uns sonetos usando metro. Muito obrigado, pelo generoso, mais uma vez, comentário.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.