Portugal sempre foi um país de ressentimentos vários. Hoje, porém, um
dos efeitos mais visíveis da crise e das medidas estruturais (e que
estruturação…) deste governo, bem como do anterior, é o crescimento exponencial
do ressentimento social. Basta ler os comentários nos jornais online às
notícias sobre política (um exercício que faço com regularidade). Para ajudar
ao ressentimento nacional, o dr. Cavaco não se eximiu de confessar a exiguidade
das suas reformas, de mostrar o seu próprio ressentimento, digamos assim. No
tempo do prof. Salazar éramos pobres e felizes nessa pobreza, o próprio ditador
evidenciava a felicidade da sua contenção monástica. Hoje, depois do dr. Cavaco
primeiro-ministro nos ter incentivado a ser ricos, tornámos a ser o que sempre formos:
pobres. Agora, contudo, a exemplo do próprio dr. Cavaco presidente da República, somos
infelizes. E a infelicidade é a porta por onde entra o ressentimento.
Entrámos numa era distópica. Todo o mal paira sobre nós, todo o mal é possível. A infelicidade e o ressentimento talvez sejam as únicas armas que possuímos como motor, ainda que frágil,para prosseguir caminho, pois ferem e um animal ferido tem tendência à revolta, ao coice, a morder, pelo menos enquanto continua vivo.
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