sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Um conflito linguístico



Esta história chilena tem pelo menos um mérito. Torna evidente que a linguagem configura a realidade. Não é despiciendo considerar que o tempo de Pinochet foi uma ditadura ou um regime militar. As palavras não são meras etiquetas que se colam à realidade. Elas configuram a realidade e as reacções a essa mesma realidade. No caso do Chile, a direita, actualmente no poder, pretendeu suavizar a visão dos tempos de Pinochet. A reacção da esquerda e até de parte da direita foi tal que os proponentes do apagão da ditadura recuaram. Mas este não é um problema da direita. É um problema da política e do exercício do poder. Quem detém o poder, para o manter, tenta usar a linguagem de forma a configurar a realidade a seu modo. A política começa sempre por ser um conflito linguístico.

1 comentário:

  1. Remeter para um conflito linguístico os 30 mil (trinta mil) mortos da feroz ditadura chilena de Pinochet é um exercício semântico muito duro de engolir.

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