Esta história chilena tem pelo menos um mérito. Torna evidente que a
linguagem configura a realidade. Não é despiciendo considerar que o tempo de
Pinochet foi uma ditadura ou um regime militar. As palavras não são meras
etiquetas que se colam à realidade. Elas configuram a realidade e as reacções a
essa mesma realidade. No caso do Chile, a direita, actualmente no poder,
pretendeu suavizar a visão dos tempos de Pinochet. A reacção da esquerda e até
de parte da direita foi tal que os proponentes do apagão da ditadura recuaram.
Mas este não é um problema da direita. É um problema da política e do exercício
do poder. Quem detém o poder, para o manter, tenta usar a linguagem de forma a
configurar a realidade a seu modo. A política começa sempre por ser um conflito
linguístico.
Remeter para um conflito linguístico os 30 mil (trinta mil) mortos da feroz ditadura chilena de Pinochet é um exercício semântico muito duro de engolir.
ResponderEliminar