domingo, 29 de janeiro de 2012

Uma questão de sensatez

(imagem dos vizcondes de Castellbó, protectores dos cátaros catalães)


Toda a gente começa a perceber que somos, de facto, governados por radicais. O radicalismo, seja ele qual for, é sempre uma espécie de catarismo. Apenas os sectários estão na verdade, e a verdade que possuem é pura, santa e absoluta. O que se assiste em Portugal é, de facto, a uma cruzada contra a classe média, contra o papel do Estado na sociedade, contra o mundo do trabalho. Estamos perante uma crença absurda na virtualidade absoluta do mercado, num país onde o mercado nunca funcionou efectivamente, onde as pessoas foram socializadas desconfiando dos mecanismos do mercado, o qual sempre lhes deu razões para essa desconfiança. Este desprezo pela realidade, tão próprio de extremistas e radicais, está a levantar problemas não apenas à esquerda, mas também nos sectores cavaquistas, para não falar no FMI, como se percebe nos múltiplos recados que a senhora Lagarde anda a deixar pelo mundo fora. Se o radicalismo governamental e o catarismo político em exercício não são travados de alguma forma, Portugal caminha rapidamente para uma deriva que nos pode conduzir a uma violência desmedida. Extremismos apelam a extremismos. Cavaco e os cavaquistas têm toda a razão para estarem preocupados.

1 comentário:

  1. Posso concordar com os comentários e a previsão das consequências .Todavia ,não é altura de julgar os portugueses que agora estão dependentes do cumprimento de compromissos que assinaram .Podemos criticar Merkel ou apreciar Lagarde ,mas o que não podemos é cortar a ligação financeira a que a nossa política persistente de 30 anos nos conduziu .A caminhada para o abismo é de nossa responsabilidade , a forma de ajuda é ditada por outros e não será mudando o ministro A ou B que as coisas irão mudar .Poderão é piorar ,mas estejamos atentos ao caso da Grécia .

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