Sombra. Algo se move, traça um círculo e aproxima-se. Não o vejo,
apenas a obscuridade e um cheiro a crisântemos. O coração treme. Que horas
serão? Preso no círculo, ensaio um movimento, o corpo hirto, amarrado ao chão e
o cheiro que se chega, rasteja, abre caminho. Um perfume de sombra sob a claridade
do meio-dia. Tudo se concentra dentro de mim. A luz e a penumbra e aquele nada
que se avizinha, contamina a atmosfera, desenha um espaço onde o meu coração se
abandona vazio ao aroma rasgado pelo chicote da tua mão.
Gostei muito, Jorge. As curtas obrigam a um exercício de síntese e a uma concisão que, muitas vezes,desprezamos quando temos a mão mais solta. Aqui, estamos no domínio do essencial e isso é muito bom.
ResponderEliminarObrigado, Ivone. Já tinha esta há dias praticamente pronta. Depois aconteceu encontrar o quadro do Carlo Carra e achei que se adaptavam. É uma linguagem que está próxima do meu texto no livro colectivo sobre os Jacarandás.
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