Anónimo pré-histórico - Luchas Tribales
Calco de M.A. García Guinea, 1958. Abrigo Santuola. Nerpio.
Já não nos enfrentamos com arcos e flechas, mas o tribalismo e as lutas tribais parecem estar inscritas no nosso ADN. Mesmo perante o perigo mais iminente, milénios de civilização não ajudaram muito no encontro de soluções que ponham de lado os interesses paroquiais. O impasse grego e mais uma derrota da senhora Merkel não são suficientes para arrefecer os ímpetos com que as partes se defrontam. Se é verdade que a violência física decresceu, o que levou Peter Singer a reavivar a ideia de progresso moral da humanidade, também é verdade que emergiu outro tipo de violência, uma violência mais sofisticada. O que se passa na União Europeia é uma vergonhosa guerra digna da pré-história. No espírito da União Europeia existia a esperança de ultrapassagem dos tribalismos, mas aos primeiros abanões do barco a guerra étnica veio de imediato ao de cima, mesmo que disfarçada na retórica económica. A saída - isto é, a expulsão - da Grécia do Euro é apenas mais uma faceta da exclusão do estrangeiro. A forma como as grandes potências europeias geriram e gerem a crise das dívidas soberanas faz lembrar os rituais sacrificiais, onde as vítimas eram escolhidas entre os estrangeiros ou os prisioneiros de guerra. A União Europeia em vez de ter adoptado como hino a Ode à Alegria, deveria ter escolhido um Requiem.
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