sábado, 13 de abril de 2013

Poema 58 - Chega o entardecer envolto nas sombras


Adolphe-William Bouguereau - Entardecer
 
58. Chega o entardecer envolto nas sombras

Chega o entardecer envolto nas sombras,
e o que resta de luz escorre-te entre os dedos,
promessa silenciosa de um novo ardor,
armadilha que a noite estende ao viajante.

Ao declinar do sol, as tuas palavras fecham-se,
silenciosos sedimentos e terra de aluvião,
pequenas preces que te dançam nos lábios
e escorrem lentamente no murmúrio da alma.

Eis o teu corpo que se veste de crepúsculos
e deixa na minha boca o rasto de um animal,
a razão trémula e presa na névoa,
a tarde que te envolve e descai pelos ombros.

O mar adormece entre ondas e gaivotas
e no sussuro escarpado das rochas 
sonho o leito onde a tua solidão repousa,
presa na vibração das asas com que te desejo.

2 comentários:

  1. Na fímbria da noite, a poesia aguarda o leito da sedução.

    Um abraço

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    Respostas
    1. Talvez a poesia seja só isso, um aguardar pelo leito da sedução.

      Boa semana.

      Abraço

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