terça-feira, 23 de abril de 2013

Poema 60 - Dois arqueiros caminham para a noite

Anónimo Pre-histórico - Arqueiros (Abrigo del Ciervo. Dos Aguas)

60. Dois arqueiros caminham para a noite

Dois arqueiros caminham para a noite,
rasgam na terra sendas de poeira
e pedra, rudimentos dum futuro
que o tempo, seta vil, há-de trazer.

Vão, sagrados, envoltos no mistério
que a vida aos pés lhes lança. Vigorosos,
olham o horizonte e esperam, sóbrios,
a cilada sobre eles estendida.

Meus velhos companheiros solitários,
onde estão as magníficas caçadas
de outrora, onde os gritos de triunfo?

Na pedra amortalhados, sois vestígio
que corre no meu sangue, rudes pais
de filhos sem destino nem memória.

4 comentários:

  1. Palavras tristes escorrendo pelas paredes.

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    Respostas
    1. Talvez a tristeza seja mesmo a essência da história dos homens.

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  2. Implacável o tempo que nos vem do passado não falha o alvo.
    Mais um poema em que tristeza rima com beleza.

    Abraço

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