quinta-feira, 18 de abril de 2013

Poema 59 - Velho arqueiro perdido na corrida

Anónimo pré-histórico - Arqueiro correndo (Abrigo del Garroso. Alacón)

59. Velho arqueiro perdido na corrida

Velho arqueiro perdido na corrida,
a presa resguardou-se na floresta
e olha-te escondida entre a giesta,
espera a morte pálida e ferida.

Cruel arqueiro que sabes tu da dor
que tão certeira seta derramou?
Sussurra-me a canção que ela entoou
ao entregar a vida sem fulgor.

Do que foste não resta já memória,
apenas velhos traços na parede,
uma súbita sombra que rasteja.

E apenas nisso está toda a tua glória,
frémito que da vida mostra a sede,
destino que assim faz que em ti me veja.

2 comentários:

  1. Um soneto que é uma alegoria dolorosamente bela, que emociona quem a lê e julga compreendê-la.

    Um abraço

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