Anónimo Pré-histórico - Cena de caça
61. Quatro arqueiros presos na pedra caçam
Quatro arqueiros presos na pedra caçam,
abrem com setas de sangue rombos
nos animais suspensos no movimento.
E o galope do tempo cobre a vida,
inscreve-a na escuridão da noite,
traça a angústia nos olhos futuros
abertos para o palco do passado.
Ó tempo furtivo dos caçadores,
deixaste vestígios obscuros pelas paredes,
abriste santuários nas entranhas da terra
e levaste aqueles antepassados,
que um dia saíram para a luz
e, no zumbido da tarde, deixaram
um rasto mortal nas hostes da vida.
Enigma de névoa sobre o calcário,
corrida desordenada vinda do passado,
eis a verdade do tempo e da vida,
o coração vazio trespassado pela seta,
as mãos silentes presas no arco,
que de tão tenso dispara o arqueiro
sobre os milénios que ardem no olhar.
Belíssimo!
ResponderEliminarUm poema que é um museu -com vida.
Abraço
Obrigado, JRD.
EliminarAbraço