Fernand Léger - Los acróbatas del circo (1918)
Estar nesse lugar a que chamam vazio e olhar-se demoradamente como
quem perscruta o horizonte em busca de um fim, de uma fronteira que limite o
espaço e introduza um ponto de ordem no caos que há em si mesmo. No vazio,
descubro o meu próprio vazio, o exercício melancólico e inútil com que
apresento no circo, como virtudes, os mil vícios que me constituem. Como compreendo
os antigos padres do deserto. Fugiam para ali para combater os demónios e eram
eles mesmos o inimigo a abater. Num tempo em que os desertos fazem parte dos
roteiros turísticos, resta o vazio. Refugio-me nele e preparo-me para o combate.
Mas nem para dar guerra aos demónios já sirvo. Resta-me a habilidade do
funâmbulo, para a qual me preparei, sem êxito, ao longo de uma vida.
Ainda bem que o personagem não teve êxito, porque a condição de funâmbulo não é solução. Penso eu...
ResponderEliminarUm abraço
Não, mas não havendo outra? Mas se nem para essa se serve, o que fazer?
EliminarAbraço