terça-feira, 5 de agosto de 2014

Uma distopia

Jorge Carreira Maia - Raiz e Utopia (palha e erva fresca) (2014)

O caso do Banco Espírito Santo (BES) veio revelar, mais uma vez, a doença profunda que se abate sobre o mundo. Essa doença não é tanto o capitalismo, mas a captura da política e do Estado pelos interesses fácticos. Esta captura, porém, não é um acaso. Ela está na raiz - uma raiz cada vez mais seca - dos sistemas políticos que sucederam ao Antigo Regime. Tudo começou em Inglaterra com a Gloriosa Revolução do século XVII. O poder político tomou como objectivo central a defesa do lucro privado. É esta raiz que, parecendo alimentar um imenso prado de erva fresca, gera a palha, de que o caso BES é apenas um exemplo. Quando se governa não segundo o interesse público mas para a defesa do lucro privado, o que se pode esperar senão casos como o BES? A utopia liberal mostrou neste caso aquilo que é comum a qualquer utopia política. Parece um sonho grandioso de liberdade, mas na verdade não passa de uma negra e terrível distopia.

3 comentários:

  1. Não sei se o caso BES, como outros semelhantes, será uma distopia. Não há verdadeiro Capitalismo sem uma banca rota cíclica.

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  2. Excelente pintura, quer do ponto de vista estético quer no simbolismo das cores.

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    Respostas
    1. A distopia liga-se ao carácter totalitário da ideologia subjacente, ao facto de, no império da liberdade, uns serem mais livres do que outros.

      Abraço

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