Winslow Homer - The Adirondack Guide (1894)
Um punhado de árvores frondosas desenha, sob um céu maculado de
branco, um pequeno bosque. Serão velhos carvalhos? A luz da tarde e os olhos
cansados, talvez o exíguo conhecimento de botânica, impedem-me a certeza ao
afirmá-lo. A escassos metros da orla, corre, adormecido e secreto, um rio de
águas claras, espelho onde as árvores se desejam ao entardecer. Um barqueiro
aproxima-se no seu barco, rema devagar e o pequeno batel desliza pelo vidro
translúcido, enquanto os remos descem e sobem numa cadência quase musical. Uma
minúscula enseada serve de porto onde a embarcação se abriga, por instantes. Do
fundo, levanta-se uma mulher. Está desgrenhada e nua. Salta para a margem com
dificuldade, quase se desequilibra. Não fala nem acena, apenas caminha incerta,
o corpo gasto, os seios velhos, as rugas negras. Entra no bosque e o barqueiro
faz-se à viagem. O crepúsculo cresce a anunciar a noite, enquanto ela
desaparece na névoa das árvores. Um relâmpago nasce no seio do bosque e ao
longe ouve-se o crocitar dos corvos. (averomundo, 2008/05/30)
Saberia o velho quem era a passageira? Terá ele ouvido o crocitar dos corvos a anunciar a chegada da morte?
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O velho barqueiro é um antigo companheiro da megera.
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