Jacob Lawrence - The Library (1980)
O meu artigo na revista Contraponto (edição online).
Livros. Quando falamos de livros
associamo-los, de imediato, ao papel. Com eles enchemos estantes e ocupamos
espaço físico. Quem gosta de ler tem sempre o devaneio de, ao longo da vida, ir
construindo uma pequena biblioteca. Estantes e pilhas de livros. Tudo isto,
contudo, é já um sinal do passado. Livro e livro de papel não são exactamente a
mesma coisa. Antes dos livros impressos em papel já existiam livros. Hoje em
dia os livros digitais começam, felizmente, a destronar os livros de papel. Por
que motivo digo felizmente? Por dois
motivos.
O livro digital poupa as árvores, e isso
parece-me ser um bom motivo para preferir o digital ao papel. Em segundo lugar,
porque o livro digital concentra o leitor no livro, no seu conteúdo, e não na
relação sensual e fetichista com o objecto livro em papel, um belo objecto o
mais das vezes.
Quantas vezes o livro não é mais do que
um objecto de adorno? O livro digital põe o leitor perante a obra nua,
sublinhando o valor intrínseco do conteúdo e não a sua utilidade decorativa ou
sensual. A estes dois motivos posso acrescentar mais dois. Ler num eReader (não num computador ou num tablet) é uma experiência tão boa ou
melhor do que em papel. Depois, posso transportar, num objecto que pesa pouco
mais de duzentos gramas, uma biblioteca inteira. E que sonho maior pode haver
para um amante de livros do que trazer a sua biblioteca às costas?
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