Juan Botas - School (1989)
A educação deve ter um cariz liberal. O termo liberal aqui deve ser entendido
como o era na Idade Média, em contraponto com a servidão. Nessa educação
liberal, o fundamental é a conversação e o contacto com as grandes obras, os
clássicos, e também com grandes professores. A educação deve servir para levar cada
um a extrair o melhor que há em si. De certa maneira, não há educação que não
vise uma certa aristocratização do educado. Deste ponto de vista, toda a
educação deve ser nobilitante. Embora, a partir de um certo grau de ensino
comum, os percursos se devam diferenciar conforme as aptidões de cada indivíduo.
Mas desde que uma criança entra na escola deve-se-lhe propor como horizonte o
tirar de si aquilo que tem de melhor, seja uma vocação científica, técnica, política,
artística ou outra dentro do que é determinado como socialmente aceitável.
Só esta educação, que é verdadeiramente uma educação do carácter
através da aquisição de um currículo, pode tornar os homens livres e capazes de
iniciativa. Só uma educação liberal e democraticamente aristocrática, assim
entendida, é capaz de gerar respeito pelos valores da democracia. Se se falhar
nisto, em vez de homens livres, formar-se-ão escravos. Escravos dos seus
próprios desejos, incapazes de uma satisfação diferida, e escravos dos outros a
quem se venderam por falta de carácter e incapacidade de resistir a si mesmos. O
actual debate sobre o financiamento público ou não das escolas privadas é
importante. No entanto, o grande debate fazer é para que serve a educação.
Qual a grande finalidade que deve estar presente, como orientadora, do
investimento em educação. Isso deixou de ser claro, se alguma vez o foi, há
muito.
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