sábado, 30 de julho de 2016

Diário de um banhista - II

Cecilio Pla Gallardo - Bañistas

Continua a minha aventura no reino de Posídon. Hoje levantei-me cedo, olhei para o céu, um sol esplendoroso, fiquei em pânico. Será hoje? Uma volta por aqui e por ali, visita ao blogue, o post do dia. Propícios, os deuses cobrem o céu de nuvens. Respiro mais facilmente. O tempo melhora a olhos vistos, penso. Pego nas Metamorfoses, de Ovídio, acabadas de sair, na excelente colecção da Cotovia, em tradução de Paulo Farmhouse Alberto. Perco-me nas transformações. Ingénuo, ingénuo que sou. Os deuses são caprichosos, mas enviam-nos sinais. Metamorfoses não de humanos em aves ou vacas, mas transformações do tempo. O que tinha amanhecido ensolarado metamorfoseara-se em nuvens escuras e densas, mas nada neste mundo mutável é seguro. As nuvens dissiparam-se e lá veio o sol. Não tardou muito para me perguntarem, insidiosamente, se não ia à praia, a emoção tomou conta de mim. Fiz-me despercebido. Prefiro o Ovídio, mas calei-me. Lá foram pisar a areia e tomar banhos de sol e mar. Fiquei nas Metamorfoses e na música de Giovanni Pierluigi da Palestrina. Lá fora o silêncio deixa vir até mim o marulhar do mar. Adoro a praia. (averomundo, 2007/08/02)

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