14. É
clássico o que tiver tendência para relegar a actualidade para a categoria de
ruído de fundo, mas ao mesmo tempo não puder passar sem esse ruído.
15. É
clássico o que persistir como ruído de fundo mesmo onde dominar a actualidade
mais incompatível. [Italo Calvino (2009). Porquê Ler os Clássicos?
Lisboa: Teorema, pp. 12]
Eu diria ainda outra coisa. É clássico aquilo que nos permite ler o
ruído da actualidade como ruído e como actualidade. É clássico o que nos permite perceber
que a cacofonia não é mais do que isso. É clássico aquilo que deixa ver o instante que impera na
actualidade contra a sombra de eternidade que se desprende dos clássicos. Mais, os
clássicos ainda permitem outra coisa. Permitem vislumbrar aquelas obras que,
sendo fruto da actualidade, trazem uma marca genética que as liga aos
clássicos, e que assim têm todas as condições de filiação para se tornarem
também eles parte da família, mesmo que aparentemente sejam filhos rebeldes.
Tornar-se-ão filhos pródigos. (avermundo, 2009/10/23)
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.